A construção de edificações, principalmente as habitacionais unifamiliares, é fundamentada, em sua maior parte, em processos de produção artesanais desprovidos de um sistema ou filosofia de gestão que auxilie na melhoria tanto dos processos quando do produto final.
Construção com método convencional. Alvenaria + Concreto armado moldado in loco. (Fonte: site fórum da construção)
O uso de sistemas construtivos tradicionais[1] permite a variabilidade da matéria-prima e como consequência pode haver o surgimento de diversas manifestações patológicas, improdutividade e desperdícios. E se levarmos em consideração o alto déficit habitacional no Brasil, a reversão desse sistema baseado em um modo de produção tradicional, poderia trazer grandes benefícios para a produção de edificações com qualidades construtivas e arquitetônica.
Construção com método convencional. Desperdícios na construção.(Fonte: site fórum da construção)
No Brasil, a grande maioria das construções residenciais é realizada por construtores que não possuem habilitação profissional, desconhecendo o comportamento físico da edificação. Com isso, no cenário atual, grande parte dos resultados notados são erros e uma edificação não compatível com sua real necessidade, apresentando desperdícios de tempo e material.
O grande déficit habitacional no país incentiva os profissionais a buscarem soluções para a modernização das construções visando o incremento da qualidade do produto final. Segundo Melhado (1994) a racionalização construtiva é uma ferramenta de aplicação direta para a melhoria da qualidade da edificação.
Com isso, a racionalização é um princípio que pode ser utilizado em qualquer processo ou sistema construtivo, por meio da simplificação de operações e aumento da produtividade que resulte em diminuição dos custos (MELHADO, 1994).
Segundo Franco (1992) a racionalidade construtiva pode ser alcançada com a diminuição do consumo de materiais, diminuição do consumo de mão-de-obra, uniformização do produto, preparação para a aplicação de técnicas racionalizadas, aumento do nível de organizacional do trabalho, aumento da segurança, aumento do desempenho e qualidade, e redução das patologias.
Pop up House. Casa pré-fabricada desenvolvida pelos arquitetos franceses da Multipod Studio. (Fonte: aesieap.org)
Mas esses itens podem não ser suficientes para uma maior aceitação desse tipo de metodologia construtiva. Aspectos como viabilidade financeira, flexibilização de usos e individualização construtiva devem ser consideradas se o propósito da racionalização construtiva é massificar sua utilização e ter uma produção arquitetônica passível de reutilização.
Tem mais dúvidas sobre essa técnica construtiva?
Quer saber mais sobre racionalização na construção?
Nos acompanhe que abordaremos mais sobre o assunto.
Pense sustentável. Seja eficiente!
Até o próximo post!
Um abraço.
Arq. Wellington Pereira.
Notas:
[1] A distinção entre os sistemas construtivos existentes é resultado dos métodos e processos utilizados, assim como, do tipo de equipamento e do tempo de execução. Sinteticamente estes sistemas subdividem-se em:
a) sistema tradicional – utiliza métodos e processos empíricos, intuitivos, materiais locais e equipamentos de uso comum.
b) sistema convencional – utiliza métodos e processos parcialmente normalizados, com componentes padronizados e elementos produzidos fora do canteiro de obras, a produção é manual, desperdiça material e é lenta.
c) sistema racionalizado – faz uso de métodos e processos sistemáticos de organização, elimina o desperdício de material, diminui o custo e o prazo de execução melhorando a qualidade do produto final.
d) sistema industrializado – pressupõe métodos e processos de produção em série, de pré-fabricação total ou parcial, uso de equipamentos mecânicos e/ou automatizados com o intuito de diminuir a quantidade de material, o custo e o tempo de execução, ao mesmo tempo que amplia a qualidade.
Referências Bibliográficas
MELHADO, S. B. Qualidade do projeto na construção de edifícios: aplicação ao caso das empresas de incorporação e construção. 1994. 294 p. Tese. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
SALAS, S. J. Construção industrializada: pré-fabricação. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 1988.