As melhorias sugeridas por um projeto sustentável podem reduzir os custos de construção, mantê-los iguais ou aumenta-los em comparação a uma obra tradicional. Os custos dessas estratégias variam conforme a localização da edificação, das condições climáticas e econômicas, aliadas ao passar do tempo, ou seja, a vida útil da construção.
As melhorias e opções sustentáveis utilizadas na edificação podem ser classificadas conforme seus impactos nos custos de construção total.
Dentro desse pensamento algumas estratégias que podem reduzir o custo de uma edificação são:
- Redução da área de piso
- Uso de técnicas estruturais adequadas a realidade local
- Aberturas bem pensadas para otimização de iluminação e ventilação naturais
- Eliminação de sistemas de climatização em espaços que são desnecessários
- Redução dos equipamentos de climatização e do tamanho dos sistemas de distribuição em virtude da diminuição das cargas térmicas
- Uso de um numero de luminárias menor devido a redução das cargas de iluminação, um resultado de projeto otimizado, do uso de paredes, tetos e outras superfícies internas mais refletoras
- Redução do lixo e desperdício em obras, reflexo de planejamento e técnica construtiva adequada
- Minimização da utilização de superfícies envidraçadas para melhorar a iluminação natural (sem ofuscamento) e a eficiência da climatização interna da construção
- Uso de estrutura aparente e superfícies com acabamento próprio do material
- Uso de árvores e de outros tipos de vegetação para sombreamento
Essas estratégias geram impacto quase nulo no orçamento de uma construção, porém seus benefícios em relação a eficiência e manutenção da edificação são evidentes, tornando a edificação muito mais econômica a médio e longo prazo.
Porém existem melhorias em termos de sustentabilidade que podem elevar os custos de construção, em um primeiro momento, mas que também geram, a longo prazo, uma economia considerável de recursos e de operação da edificação. Estratégias como as elencadas a seguir são de grande importância ao longo da vida de uma construção:
- Sistemas construtivos racionalizados
- Uso de sistemas de aquecimento de água
- Uso de brises, beirais e marquises para sombreamento
- Produção de energia renovável
- Coleta de água de chuva
- Uso de acabamentos e revestimentos que promovam a eficiência energética
- Uso de luminárias e lâmpadas de alta eficiência
- Uso de materiais com baixas emissões
- Uso de coberturas verdes
- Documentação de atendimento as normas de sustentabilidade
Todos esses itens, por mais que aumentem o custo de uma edificação, vão proporcionar que a edificação se torne mais confortável, saudável, ecologicamente correta e, a longo prazo, econômica. Muitas dessas estratégias vão fazer com que a construção se auto sustente ou irão minimizar a necessidade de abastecimentos externos.
Economia de água, energia e nos custos operacionais são algumas vantagens das construções sustentáveis. Foto: Bigstock
Falar se uma construção sustentável é mais cara ou mais barata do que uma tradicional é relativo e deve-se tomar cuidado com verdades absolutas. Pois a análise deve ser feita levando-se em consideração a vida útil da construção, que é de 50 a 70 anos. Por exemplo, um acréscimo de 5% no valor final da obra pode ser irrelevante frente aos benefícios e a economia gerada por uma construção sustentável durante sua manutenção e operação.
No gráfico a seguir é ilustrado justamente essa relação de gastos consumidos em cada etapa da vida útil de uma edificação.
Gráfico de Custos x Vida Útil
Esse gráfico evidencia que os maiores custos de uma edificação são aqueles responsáveis pela sua operação e manutenção, portanto é muito benéfico as escolhas que favoreçam a diminuição destes gastos, mesmo que em um primeiro momento o investimento seja maior.
Uma construção sustentável é muito mais do que utilizar produtos e estratégias ecologicamente corretos. Ela irá permitir ao usuário usufruir de um espaço confortável, agradável e eficiente em toda vida útil da edificação. Uma construção sustentável melhora a relação do usuário com o ambiente, torna-o mais produtivo, menos propício a doenças e com muito mais disposição, já que no projeto é previsto diversos elementos que favorecem esses fatores. Mas isso é assunto para outro artigo.
Por fim, o que é importante considerarmos quando analisamos a viabilidade financeira de uma construção sustentável é ponderar seu custo-benefício. Devemos pensar: em uma obra de R$ 300 mil será que é muito um acréscimo de R$ 15 mil se considerarmos um período de economia de 50 anos? Será que é inviável dispor desse valor para colher benefícios ao longo de todos os anos da vida da edificação? Qual é o payback (retorno do investimento) das soluções e especificações do projeto?
Todas as respostas à essas perguntas devem ser respondidas pelo arquiteto juntamente com seu cliente. São esses agentes que determinarão quais escolhas serão feitas, o quanto de sustentável e eficiente será o projeto e em consequência a construção.
Um dado importante para definirmos estratégias projetuais é que o consumo de energia elétrica no Brasil cresce aproximadamente 5% a cada ano, conforme dados revelados no Balanço Energético Nacional BEN de 2011, seguido de um aumento gradativo dos custos de energia para o usuário. Portanto, é de grande importância a implementação de estratégias e soluções que visem a uma maior eficiência energética de nossas edificações.
Até aqui um fator é claro: o que vai determinar se uma construção sustentável será cara ou barata são as escolhas realizadas durante a fase de projeto. Um projeto sustentável pode e deve pautar suas escolhas pelo benefício que será gerado, além de garantir – com o menor custo possível – a qualidade da edificação e o conforto de quem irá utiliza-la.
Por fim, além de reduzir o custo de operação e melhorar a qualidade de vida, uma edificação sustentável pode ser muito mais valorizada do que uma tradicional, já que gera ambientes mais confortáveis e reduzem o consumo de água e energia, gerando espaços mais saudáveis e com menor impacto ao meio ambiente.
Até o próximo post.
Um grande abraço.
Arq. Wellington Pereira