O que é uma arquitetura sustentável?

Na última década vem crescendo a preocupação ecológica dentro do ambiente da construção civil. As áreas de projeto e construção se viram envolvidas em uma acirrada discussão a respeito do meio ambiente e sobre edificações sustentáveis. Novos objetivos, novos padrões e uma nova linguagem surge para suprir essa demanda. Mas como saber que se trata de uma edificação sustentável? Que parâmetros podemos analisar para que uma arquitetura possa ser considerada sustentável?

Nesse artigo será discutido justamente esses assuntos: até que ponto uma arquitetura é considerada sustentável? Que diretrizes precisamos seguir para realizar um projeto sustentável?

hand holding eco house icon in nature

Fonte: https://vanzolini.org.br

De uma maneira geral a sustentabilidade está relacionada com as promessas de coisas duráveis – edificações com longa vida útil, fontes de energias renováveis, utilização de materiais apropriados e duráveis – e a formação de uma comunidade permanente e que se relacione com o meio onde está inserida.

A arquitetura sustentável é um modo de transformar em realidade as promessas de sustentabilidade (CHING, 2017). É uma maneira de diminuir o impacto gerado pela intervenção humana e urbana.

Mas o que é uma arquitetura sustentável? Esse questionamento deve sempre ser feito quando nos depararmos com uma edificação que se intitula como sustentável. Esse tema pode assumir diversas formas:

  • Uma edificação sustentável seria aquela mais ecológica do que uma padrão?
  • Um projeto sustentável é aquele que tem baixo ou nenhum impacto ambiental?
  • Mas todas as construções não deveriam ser sustentáveis?
  • Edificações sustentáveis são modismos?
  • Construções sustentáveis permanecem sustentáveis ao passar dos anos?

Essas questões são de difícil resolução, já que um projeto sustentável deve ser resolvido através de diversas variáveis e premissas de planejamento, execução e operação da edificação.

 

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Fonte:  http://www.uq.edu.au/uqabroad/nanyang-technological-university

Não há uma fórmula única para que uma arquitetura seja considerada sustentável, mas existem abordagens que cada edificação pode se atentar para diminuir seu impacto no meio ambiente e seja, consequentemente, útil para seus usuários e para a cidade.

Um projeto sustentável deve, de alguma maneira, abordar em suas decisões a tríade da sustentabilidade. São três fatores fundamentais na tomada de decisão de qualquer projeto que tenha um cunho sustentável – fatores social, ambiental e econômico. Podemos tomar como exemplo o diagrama a seguir, que resume os principais aspectos de cada um desses fatores a serem colocados em discussão na realização de um projeto sustentável.

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Fonte: Adaptado de EDWARS (2013, p.11)

Segundo CHING (2017) há diversos objetivos que motivam o desenvolvimento de um projeto sustentável, tais como: diminuir o aquecimento global por meio da economia de energia; proteger as fontes de água; diminuir a utilização de combustíveis fósseis, etc. A utilização e decisão de quais objetivos e estratégias de projeto utilizar vai determinar o quanto a edificação vai impactar o meio ambiente, seja mais ou menos prejudicial.

Seguindo essa linha, Edwards (2013) classifica o projeto sustentável em três tipos de abordagem que vão determinar o grau de impacto da edificação. Edwards classifica os projetos em verde-claro, verde-médio e verde-escuro dependendo da complexidade a ser resolvida pela edificação.

Verde-Claro Verde-Médio Verde-Escuro
Atualmente acessível e com um prazo de retorno de investimento entre 8 a 10 anos:

·         Utilização de métodos construtivos racionalizados, evitando desperdício.

·         Aquecimento de água através de placas solares.

·         Redução do consumo de energia e água através de reeducação do usuário.

 

Previsão de uso de tecnologias ecológicas que serão necessárias durante a vida útil da edificação para manter os níveis de conforto e recursos disponíveis:

·         Energia elétrica gerada por sistemas fotovoltaicos ou eólicos;

·         Captação de águas pluviais;

·         Reciclagem das águas cinzas;

·         Processamento dos resíduos ou sua transformação em energia.

Edificações independentes das redes de abastecimento (água e energia), que durante sua vida útil geram mais energia e recursos que consomem.

Os materiais utilizados para a construção destas edificações também podem ser neutros em emissões de CO2.

Fonte: Adaptado de EDWARDS (2013, p.4)

O que irá determinar a complexidade de soluções e o nível de sustentabilidade que será alcançada é a viabilidade financeira de quem está construindo e o local em que será implantado. Mas tudo parte do princípio de consciência humana em diminuir, ao máximo, o impacto gerado pela construção.

Esse fator de subjetividade de um projeto sustentável só será superado a partir do momento que tivermos diretrizes sólidas e obrigatórias do que é uma arquitetura sustentável. E estas só surgirão quando o ato de construir sustentavelmente deixar de ser uma opção e se tornar uma necessidade (KEELER, 2010). Algo muito próximo de acontecer.

Mas ainda que não possa solucionar todos os problemas, uma edificação sustentável deve:

  • Tratar das questões de demolição no terreno e de resíduos da construção;
  • Buscar eficiência na utilização de recursos;
  • Buscar a conservação de energia e projetar visando ao consumo eficiente de energia;
  • Oferecer um ambiente interno saudável.

 

E um bom parâmetro para que possamos projetar e atestar se uma edificação preza por decisões sustentáveis são as certificações ambientais. Certificações como LEED, AQUA, BREEAM, entre outras, atestam e confirmam qual o grau de sustentabilidade que a construção atingiu, mostrando para o usuário que aquele edifício diminuiu seu impacto no meio ambiente.

De uma maneira geral, a definição de sustentabilidade vem evoluindo ao longo do tempo e não envolve somente a construção civil, mas todos os recursos necessários para o desenvolvimento das atividades humanas.

Segundo Edwards (2013), para o arquiteto, sustentabilidade é – como vimos – um conceito complexo. Grande parte de um projeto sustentável está em reduzir o impacto por meio da economia energética e do uso de técnicas construtivas adequadas, passando pela análise do ciclo de vida dos materiais e da construção em si. Porém, projetar de forma sustentável também engloba a criação de espaços saudáveis, viáveis economicamente e sensíveis às necessidades sociais.

O importante a salientar é que as técnicas e tecnologias construtivas próprias de um projeto sustentável encontram-se atualmente em avançado estágio de desenvolvimento. No entanto, ainda falta uma prática arquitetônica que priorize as questões ecológicas e uma indústria da construção civil que baseie suas operações na sustentabilidade e consequente diminuição do impacto gerado pela atividade.

Uma construção sustentável equivale a um projeto de qualidade, e este sempre se pautará em resolver questões estéticas-construtivas com viabilidade econômica, pensando sempre na preservação do ambiente natural e no usuário.

Até o próximo post.

Um grande abraço.

Arq. Wellington Pereira

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Bibliografia

CHING, Francis D. K. Edificações sustentáveis ilustradas. Tradução: Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2017.

EDWARDS, Brian. O guia básico para a sustentabilidade. 2a. Edição. Barcelona: Gustavo Gili, 2013.

KEELER, Mariam. Fundamentos de projeto de edificações sustentáveis. Tradução: Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2010.

Agora temos um blog!

Olá pessoal,

Estamos inaugurando este novo espaço de artigos, debates, informações e troca de ideias sobre sustentabilidade e eficiência energética na arquitetura.

Aqui iremos abordar diversos assuntos sobre o tema e esperamos colaborar para a difusão de ideias sobre sustentabilidade, racionalização e economia na construção civil.

Fiquem ligados!!!

Um grande abraço.

Arq. Wellington Pereira

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