Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE)

Nos últimos 10 anos houve um aumento de 35 % no consumo de energia no Brasil. Tal fator é um dado importante na questão do impacto ambiental e nas mudanças climáticas que o planeta vem sofrendo.

É urgente a necessidade de medidas que mitiguem os riscos de um desabastecimento de energia e ao mesmo tempo diminuam o impacto gerado pelo ser humano.

O desenvolvimento e a construção de cidades sustentáveis é de fundamental importância para mudarmos esse cenário e tornar nossas edificações cada vez mais eficientes, tanto no consumo de energia como de recursos.

O Brasil já está buscando medidas para tal, fazendo com que as emissões de gases de efeito estufa sejam reduzidos, além de dar ferramentas para que cada edificação se torne mais eficiente.

Uma dessas ações é o Programa de Etiquetagem de Energia.

Para melhorar o desempenho energético e o conforto ambiental das edificações o Governo Brasileiro criou a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) que atesta a qualidade e a eficiência da edificação, tanto na fase de projeto como na fase de construção. Em um novo artigo abordaremos mais sobre a Etiqueta e o PBE-Edifica.

O vídeo a seguir, desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente, mostra resumidamente todas as ações e a importância da etiqueta.

Fonte: Projeto 3E, Ministério do Meio Ambiente.

Fica cada dia mais claro a importância da etiqueta como forma de atestar o quanto cada construção é eficiente em termos energéticos, cabendo a nós projetistas e construtores buscar sempre a etiquetagem para efetivar nossas ações em relação a redução do consumo. É importante salientar, também, que a etiqueta é obrigatória para algumas edificações, mas isso é um assunto para o próximo artigo.

Pense diferente. Seja eficiente!

Um abraço.

Arq. Wellington Pereira.

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Eficiência Energética, Conforto Ambiental e o Projeto Arquitetônico – Introdução a questões importantes

Segundo EDWARDS (2013) em 2050 o mundo utilizará o dobro de energia em relação ao consumo atual e grande parte dessa energia será proveniente, ainda, do consumo de combustíveis fósseis, tendo como consequência o aumento de preços (o que já está acontecendo) e os conhecidos efeitos negativos ao planeta.

Porem é cada vez maior a tendência de se produzir energia a partir de fontes renováveis. No caso brasileiro, de acordo com dados do Balanço Energético Nacional (BEM) de 2012, 44% da energia produzida no país é de fonte renovável (hidrelétricas, energia solar, eólica, biomassa, entre outras), fazendo do Brasil um dos líderes na produção de energia renovável, mesmo a matriz energética (usina hidrelétrica) causando um grande impacto onde são instaladas.

Para enfrentar a crescente demanda por energia os arquitetos precisam adotar medidas que promovam o consumo de energias renováveis, principalmente aquelas em que o impacto ambiental é menor. O desenvolvimento dessas fontes deve proporcionar uma solução que não prejudique a saúde dos seres humanos, não destrua o entorno local e tampouco ameace os sistemas naturais.

As edificações projetadas e construídas nos dias atuais ainda irão existir quando as transformações climáticas se tornarem mais intensas. De acordo com EDWARDS (2013) para se adaptar às mudanças climáticas o projeto arquitetônico deve evitar implantações em terrenos vulneráveis, mas além disso deve observar também os seguintes princípios:

  • O volume da edificação (coeficiente de aproveitamento) e a superfície ocupada (taxa de ocupação) são fundamentais para sua sobrevivência, adaptabilidade e eficiência energética a longo prazo.
  • O padrão construtivo precisa ser superior à média, tendo melhor isolamento térmico, maior qualidade dos materiais, melhor conforto, menor custo e desperdício quase zero.
  • Os sistemas de instalação da edificação devem ser atualizados facilmente, especialmente os referentes ao condicionamento de ar e à provisão de energia renovável, já que os avanços tecnológicos não param e se a construção não puder se adaptar ela se tornará obsoleta.

 

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A etiqueta PBE Edifica é uma das maneiras que atestam a eficiência energética da edificação. Fonte: http://www.pbeedifica.com.br/

Os usuários esperam cada vez mais que as edificações ofereçam conforto, atenuando os impactos negativos do clima. As pessoas exigem um alto nível de conforto, mesmo sob as condições climáticas mais adversas, e se o projeto arquitetônico não resolver essas questões de forma eficiente e com menor impacto, os usuários o farão e, na maioria das vezes, com um alto consumo energético e artificial.

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Se o projeto não prevê soluções que gerem conforto de maneira passiva o próprio usuário dará um jeito. Fonte: https://www.correiodoestado.com.br

É importante lembrar que a partir da segunda metade do século XX os arquitetos delegaram a responsabilidade pelo conforto aos engenheiros mecânicos e elétricos, pois acreditavam que tal conforto seria obtido por meio dos equipamentos, e não, pelo projeto de arquitetura (KEELER, 2010). A fragmentação cada vez maior do processo de projeto impediu que se chegasse a um projeto integrado e responsivo ao clima.

Antes do surgimento e da disseminação da utilização do ar condicionado o excesso de calor era amenizado com elementos de sombreamento, circulação de ar e, em climas secos, pela massa térmica dos materiais.

Como não podiam contar com a eletricidade e a refrigeração mecânica, as edificações vernaculares eram extremamente influenciadas pelas respostas ao clima. É possível aprender muito estudando as edificações tradicionais, que são responsivas ao clima. O sombreamento e a proteção dos espaços são fundamentais para uma melhor eficiência energética e conforto ao usuário. Pensar um projeto sem essas questões irá produzir edificações problemáticas do ponto de vista do consumo de energia.

Um projeto que procure uma eficiência energética aliada ao conforto precisa buscar soluções que levem a edificação ao ponto de equilíbrio. A temperatura de ponto de equilíbrio da edificação se refere a temperatura do ar externo necessária para que a temperatura interna fique confortável sem depender do uso de qualquer sistema mecânico de aquecimento ou refrigeração (KEELER, 2010).

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Ventilação e Iluminação naturais e pensadas de forma otimizada são fundamentais para gerar conforto térmico à edificação. Croqui: João Filgueiras Lima (Lelé). Fonte: http://au17.pini.com.br

Nessa temperatura de equilíbrio os ganhos térmicos devidos a iluminação, aos equipamentos, aos usuários e a radiação solar equivalem às perdas térmicas em toda a vedação externa da edificação, que, por sua vez, são causados pelas diferenças de temperatura entre o interior e o exterior. Fatores como orientação das janelas, o projeto da pele da edificação e a seleção de materiais determinam a quantidade de energia necessária para se manter o conforto térmico.

A edificação deve sempre buscar a zona de conforto do usuário, tal zona garante uma adequada utilização da edificação por parte de seus ocupantes. Para a maioria das atividades humanas a zona de conforto está entre 20 e 28 graus célsius e entre 30 e 80% de umidade relativa do ar (KEELER, 2010). Claro que essa zona de conforto pode sofrer uma variação devido alguns fatores como cultura, região, vestimentas, sexo e idade.

Para chegarmos a uma sustentabilidade ecológica será preciso mudar muita coisa além do nosso modo de construir. Não existem edificações sustentáveis, mas sim sociedades sustentáveis. Porém, projetar construções que consomem muito menos energia é essencial para vencer os desafios ambientais.

Para projetarmos visando reduzir significativamente o consumo de energia nas edificações, quais padrões podem guiar nossos esforços? Quais diretrizes devemos seguir? Quais paradigmas devemos mudar e criar?

Todas essas perguntas são fundamentais para definirmos ações e projetos de arquitetura mais eficientes e serão abordadas em outro artigo.

Pense sustentável. Seja eficiente!

Até o próximo post!

Um abraço.

Arq. Wellington Pereira.

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Bibliografia

EDWARDS, Brian. O guia básico para a sustentabilidade. 2a. Edição. Barcelona: Gustavo Gili, 2013.

KEELER, Mariam. Fundamentos de projeto de edificações sustentáveis. Tradução: Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2010.

 

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